questionario

Pesquisa: respostas quantitativas/qualitativas; perguntas gerais/específicas

 


Questionário é um conjunto de perguntas propostas
por um pesquisador para obter informação sobre um assunto específico. Existem
diversos estilos e formatos de questionários, que dependem da finalidade da
pesquisa, da população que será pesquisada, da experiência do pesquisador no
assunto. Em geral, um questionário é respondido por escrito, mas também pode
ser usado em entrevistas estruturadas, fazendo assim com que o entrevistador
mantenha o foco.

Todo relatório de pesquisa deve apresentar
o questionário utilizado, relatar como e onde foram recrutados os respondentes,
dar algumas características deles e fornecer explicação sobre a escolha da maneira
de perguntar.

 Podem ser feitas questões que pedem respostas
qualitativas e questões que pedem respostas quantitativas, questões gerais e
questões específicas, questões fechadas e questões abertas.

Nesta primeira postagem sobre o assunto,
vamos distinguir respostas quantitativas, isto é, numéricas, de respostas
qualitativas, isto é, obtidas por meio de palavras, mostrando maneiras de trata-las.
Se a resposta for em palavras, você precisa escolher se as respostas serão
dadas nas palavras do respondente ou se serão oferecidas as alternativas de
resposta. Também vamos mostrar a distinção entre pergunta gerais e perguntas
específicas. Veja alguns exemplos.

 

Respostas quantitativas

 

                                  Exemplos

1.  
Algumas questões pedem resposta quantitativa
(variável discreta). No exemplo, a respondente deve fornecer um número ou, então,
se recusar a responder.

 

Questão:
Quantos filhos a senhora tem?

 

                  __________________

 

2.  
A resposta também é quantitativa (variável idade
é numérica, mas está distribuída em classes), quando o respondente não fornece
um número, mas apenas se enquadra em uma das alternativas que lhe são
oferecidas.

 

Questão: Qual é a sua faixa de idade?

o       17
anos ou menos

o       18-20
anos

o       21-29
anos

o       30-39
anos

o       40-49
anos

o       50-59
anos

o       60
anos ou mais

 

3.  
Quando a pergunta tem como resposta uma
variável numérica e você quer dar as alternativas de resposta, escolha as
possíveis classes da distribuição de frequências com muito cuidado. Não tente
“adivinhar” a distribuição, sem ter ideia dos dados. Números não mentem, mas às
vezes não dizem nada. Veja o exemplo.

 

Questão (inadequada):
Qual é o número de empregados da sua empresa?

o           
Menos de 500

o           
De 500 a 999

o           
De 1000 a 2500

o           
Mais de 2500.

Comentário: O
exemplo é verídico e foi dado por autores que trabalham no assunto[1].
Um pesquisador pretendia levantar dados sobre empresas portuguesas. Fez então
uma questão sobre o número de empregados da empresa em pergunta fechada, como mostrado.
As respostas tabuladas estão na Tabela 3.1.

 

Tabela
1: Distribuição das empresas segundo o número de trabalhadores.


de trabalhadores

Nº de empresas

Percentual

Menos
de 500

463

89

De
500 até 1000

37

7,1

De
1000 até 2500

11

2,1

Mais
de 2500

9

1,8

Total

520

100%

 

Não
foi possível usar o “tamanho da empresa” para analisar os dados, porque a
grande maioria delas (89%) tinha menos de 500 empregados. Teria sido melhor ter
feito uma pergunta aberta, como a que segue. Entenda então que, em geral,
oferecer respostas alternativas ao respondente é boa ideia, mas, eventualmente,
pode não ser a melhor opção.

  

Questão (adequada):
Qual é o número de empregados da sua empresa? 

 


                                                               

                            Respostas qualitativas

 

Na questão abaixo, a resposta é qualitativa
e deve ser escrita (ou dita) nas próprias palavras do respondente.

 

  
Questão:
Por que decidiu fazer este curso?

            

No exemplo a seguir, a resposta é
qualitativa (variável categorizada).
  O
respondente escolhe uma das opções de resposta.

4.  
Questão:
Você assistiu à Abertura das Olimpíadas de Tóquio?

o      Sim

o      Não

o      Só uma parte

o      Não me lembro

 

          
Questões gerais e questões específicas

 

É mais fácil entender a diferença entre
questões gerais e específicas por meio de exemplos[2]. No
entanto, é preciso considerar que muitas pessoas respondem perguntas gerais em
função da situação específica em que vivem. Mesmo assim, não se devem buscar
respostas específicas fazendo perguntas gerais. É sempre mais indicado fazer perguntas
específicas.Veja as duas questões apresentadas em seguida.

 

Questão (geral):
Gosta de trabalhar em equipe?


 

Questão (específica):
Gosta de trabalhar com a equipe que tem hoje?

A
primeira questão é geral porque trata
do trabalho em equipe sem especificar condições. Já a segunda é específica porque se refere ao trabalho
com determinada equipe. Não há incoerência nas respostas: o respondente pode
gostar de trabalhar em equipe, mas não gostar de trabalhar com a equipe que tem
hoje.

 

Veja outro exemplo, este muito citado em
livros de Estatística[3].
Uma colunista de jornal fez essa pergunta em sua coluna. Recebeu cerca de
10.000 respostas e perto de 70% dos respondentes diziam “Não”.

Questão
(geral):
Se você tivesse que recomeçar, teria filhos novamente?

 

A questão é geral, mas provavelmente muitas
das respostas tratavam de uma situação específica. A explicação para esse
resultado é que, possivelmente, responderam aqueles que enfrentavam problemas
com os filhos (uma situação específica).

Outro exemplo, que precisa ser específico
para permitir entender o tema.

 

Questão
geral (inadequada):
Você já foi vítima de ato de violência?

Questão
específica (adequada)
[4]: Alguém já atacou ou ameaçou você com: a)
faca ou revolver? b) qualquer coisa parecida com uma raquete de tênis[5]?
c) com uma panela, uma tesoura, um pedaço de pau?

 

E finalmente, um exemplo do nosso dia a
dia.

 

Questão
(geral):
Você gosta de café?

A questão geral pode produzir resposta
positiva, o que não significa que a pessoa goste do café que você faz (a
pergunta seria específica).


Referências 

 

[1] Hill, M. M.; Hill, A. Investigação por questionário. Lisboa: Edições Silabo, 2ª edição, 2ª
reimpressão, 2005. P. 125.

2 Hill, M. M.; Hill, A. Investigação por questionário. Lisboa: Edições Silabo, 2ª edição, 2ª
reimpressão,
2005.
P. 91-92.

3 Moore, D. S. Statistics: concepts and controversies. New York: Freeman and Company, 1979, p. 11.

4 NCVS – National Crime Vitimization Survey (Levantamento Nacional sobre
Vítimas de Crimes) é uma série de dados sobre vítimas de crimes nos Estados
Unidos, que começou a ser levantada em 1973. Disponível em:
 http://icpsr.umich.edu/NACJD/NCVS/
. Acesso em 27 de janeiro de 2009.

5 No original, bastão de beisebol.

 

 



[1] 

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